ANDORINHAS MORTAS
O meu sonho a evocar-se altivo e forte
Em coroas de ouro a palpitar delírios
Poentes de novembro doces martírios
Ao pó do esquecimento até a morte!
Nesse horizonte de bruma opalizado
Onde mergulho a alma lírica e pagã
Falenas entontecidas, flor da manhã,
Rosais celestes em canteiros sagrados!
Pus-me a fitar o efêmero, o nada,
Em ritmos fleumáticos, extasiada,
A miragem fugidia do meu jardim;
Mísero pungir dessa chaga aberta,
As andorinhas mortas, a vida incerta,
A esvair-se em sangue dentro de mim!