O tigre
O tigre vai trilhando, na floresta,
A rota a reduzir a própria fome...
Em um rugido rouco, o espaço infesta
Do medo que lhe atinge e lhe consome.
De dentro para fora, a besta come
Os restos da esperança assaz modesta
Que, em cada rosto anêmico e sem nome,
O baço olhar nos diz que ainda resta.
Enquanto, em nossos lares, nossa ceia
Nos satisfaz a gana, pouca ou cheia,
Lá fora, alguém se deita sem comer.
E feito um grego herói, que a maça erguia,
Derrota a fera imensa todo dia,
Tamanha a sua fome de viver.