ESTILHAÇOS...

É tão clara a dor, tão incansável

A torturar os olhos que não dormem

E se ao poeta dói, mais dói no homem

Que não sonha no tecto inevitável...

É tão ruim o bicho no abdómen,

A soltar essa bílis intragável

Que a saudade tem tanto de inefável

Como de ácidos reles que me comem!

Assim se trepa a noite, à desgarrada,

Nos murros que entram à badalada,

Contando todo o tempo até ser dia...

Só cerro punhos à sina traçada

E já os lanço à imagem calada...

Estilhaços de vidro... e de azia!

30-04-2024

AlexandreCosta
Enviado por AlexandreCosta em 30/04/2024
Código do texto: T8053279
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