ESTILHAÇOS...
É tão clara a dor, tão incansável
A torturar os olhos que não dormem
E se ao poeta dói, mais dói no homem
Que não sonha no tecto inevitável...
É tão ruim o bicho no abdómen,
A soltar essa bílis intragável
Que a saudade tem tanto de inefável
Como de ácidos reles que me comem!
Assim se trepa a noite, à desgarrada,
Nos murros que entram à badalada,
Contando todo o tempo até ser dia...
Só cerro punhos à sina traçada
E já os lanço à imagem calada...
Estilhaços de vidro... e de azia!
30-04-2024