Minha montanha
Escada para nuvens, a montanha
Descansa sob um céu de primavera,
E me leva pensar: aí quem me dera
Pudesse eu tecer, como a aranha,
Uma enorme teia ao infinito!
E assim realizar cruel façanha:
Calar dentro de mim a força estranha,
Que faz a poesia dar seu grito.
Quem sabe Maomé me dê a mão
E a montanha ouça o coração,
Que no meu peito pulsa impaciente.
Quem sabe Maomé venha até mim,
E eu possa dizer: até que enfim,
Deus me deu a montanha de presente.