O camaleão da fé
E lá, nos calabouços do poder,
Se aninha a serpente traiçoeira,
Camuflada nas cores da bandeira,
A espera do dia anoitecer.
Já chocou alguns ovos (podem crer),
Que botou nos quintais da ditadura.
E um deles matura a criatura,
Que espera o momento de nascer:
Como um dócil e vulgar camaleão,
Se confunde ao andor da procissão
Sobre os ombros dos cânones da fé.
E finge ser cristão, e cita salmos,
E diz que seus asseclas serão salvos,
Em nome de Jesus de Nazaré.