ALMA
Se a alma entristecida acaba em choro,
Toda aura nos toma de escuridão plena,
O breu da noite nos cega e amordaça,
Não se sente a suavidade da brisa serena.
Se a alma acata com pálida ressonância,
Age como passageira na mesma entrega,
Alheia às consequências que se propõem,
Avessa ao que a destrói então tudo nega.
Se a alma é o nosso amparo e referência,
Sempre atenta ao nosso pleno descalabro,
A alma sendo etérea e o corpo um saibro.
Se o corpo se desmancha, a alma sobrevive,
Não sofre como carne, porém como espírito,
Enquanto a alma sonora, o corpo é um grito.
2.024