O despertar
Maltrapilho e miserável, eu desperto
Em sobressalto, com minhas mãos imundas,
Conforme aos poucos na aurora sou liberto
Nas trevas a minha mente se aprofunda.
Sinto a fadiga e me perco na fraqueza
Que sobre as costas e ombros toma conta,
Essa fera que acorrento e deixo presa
É a mesma que me prende, e me confronta.
Porém me ergo, contra a decadência
Dessa estação tão triste e lamentável,
Dessa época tão álgida do mês.
Embora me afunde a consciência,
Embora eu não me seja confiável,
Preciso levantar mais uma vez.
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Boa tarde!
Esse soneto foi retirado do meu novo livro de poesia, Lobisomem, que publicarei aqui no recanto das letras na próxima sexta-feira. Segue abaixo a sinopse dele:
Um homem amaldiçoado desperta com suas roupas rasgadas e suas mãos sujas. A luz do crepúsculo devolve ao seu corpo cansado e ferido o controle. Só restam memórias imprecisas de uma noite de terror. Tudo se repetiu outra vez. Mais um ciclo completo de desgraça. Mais uma nova chance. Será que ele conseguirá restringir seu demônio interior até a próxima lua cheia? Ou estará condenado a se perder em si mesmo pelo resto de sua infeliz existência?