XXI
A quem pertence a chave do Destino?
Que portas vão se abrir na vasta sala?
Estamos, todos, sob um ser divino,
Ou podem mesmo, os homens, controlá-la?
Se a força dos eventos tudo cala,
Por que sonhar o anseio vespertino?
Ainda tem valor a nossa fala,
Ou somos, meramente, um dançarino?
Que estúrdia cova cinge a humanidade!
Às margens infinitas da ruína,
Parece sempre amar a crueldade...
E a dúvida que segue, na surdina,
Já tange tantos séculos de idade:
Que portas abrirá quem nos domina?