Monólogo do seio direito.

Vivo a desmamar cruel saudade

de quando, junto a ti, compadecia...

Eu fui indene à patogenia

que mutilou bem mais que a vaidade.

Eu vi o sangue encher a cavidade!

Eu vi murchar o pomo ao meu lado!

Eu vi um viço inteiro sepultado,

depois de anos de cumplicidade!

Eu sou, dos dois, a túmida metade

que soma o percentil de morbidade

nas estatísticas do sofrimento.

Por um acaso, o seio direito,

que, hoje só, aplaca o preconceito

e a ador que ora sozinho amamento.

Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 05/01/2008
Reeditado em 06/01/2008
Código do texto: T804672
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