CONSTRANGIMENTO
Ônibus cheio, mas eu estava confortavelmente sentado.
Atrás de mim, também sentada, tinha uma boa senhora.
Ela era idosa. Poderia ser até minha avó. Algo inusitado
Acontece com a velha. Como bom narrador contarei agora.
A anciã parecia resfriada e com vontade enorme de espirrar.
Não queria liberar o espirro e para segurá-lo fez muitas caretas.
Só que o espirro venceu a batalha e veio a liberdade conquistar.
Graças a cinesia facial, as dentaduras saíram nada discretas.
As desgastadas próteses dentárias Pararam perto do motorista.
Todos riram, menos a recém banguela. Paro de rir. Como altruísta,
Saio do meu lugar. Mesmo espremido, vou buscar as dentaduras.
São suas. A longeva põe as dentaduras. Mal as limpas no vestido.
Gente, parem de rir. Estão sendo cruéis dentro do fato acontecido.
Desculpem-se a vexada senhora. Agiram como as vis das criaturas.
O FILHO DA POETISA