PORQUÊ SAUDADE?
Não sei de quê, de quem, sequer de onde...
Será de alguém, de um lugar talvez?
Ou duma coisa qu'em mim não se fez?
Que mais que haja aqui não corresponde...
Vem numa gota, outra e outra, donde
A fonte não se cessa nos porquês...
E se tento e tentei (mais que uma vez!),
Não lhe vejo a nascente que se esconde...
Estranha-se, escapa-se, sem norma
E desce-me as fachadas, sabe a forma,
Do leito onde me corre em liberdade!
Se alegre estou, se férteis são as mágoas,
Se caem tão certeiras, as palavras,
Porque vens neste rio? Oh! Saudade...!
19-04-2024