REAL E REFLEXO
Quando me olho no espelho, não me reconheço;
Até estremeço frente a realidade que me assalta,
Diante da inexorável ação do tempo em desapreço
Que a decrépita imagem refletida ironizada, pauta.
Tomado por sentimento próprio de um coração primaveril,
Eis-me aqui, outoniço, fitando-me, hirto, inquiridor.
Com os lábios tremendo, os olhos estáticos, a alma febril,
À pesar com senso o pesar do tempo apesar da dor.
Ah! Se ela me olhasse além do que o espelho reflete,
Se nossas almas, atemporais, pudessem se encontrar
Sem pré-conceitos, desarmadas, desnudas, reais.
Nova vida viveria num futuro que deflete
Pros sons, luzes, odores, vetores de amar,
Onde valores de paz e alegria são fatais.