SONETO DO SAXOFONE
Que dizer do cachimbo invertido,
Não na forma mas, do ar, a direcção;
Se um é fumo e fora a combustão,
Outro é dentro (o ardor!), sopro sentido!
Não nefasto, esse beijo de emoção,
P'los lábios como vento impelido,
A vazar p'la palheta, espremido,
Em busca da perfeita vibração...
É p'lo ar, toda a mágica investida,
A escapar pela chave prometida
Que, tão breve, liberta a sapatilha!
E profuso o som, tão encorpado,
Brota do cone, em brilho tão dourado,
Num poema, ao ouvido, maravilha!
08-04-2024