Contando estrelas
Quando desfolho a noite e conto estrelas
é como se nas minhas mãos guardasse
a dádiva inefável de retê-las
além da imensidão, num ébrio enlace.
É como se eu pudesse convertê-las
em sóis no céu de um triste desenlace
e assim redescobrir o riso pelas
lentes azuis de um sonho sem impasse.
É como se guardasse a primavera
e o resplendor das tardes venturosas
nos íntimos da dor que em mim coubera.
É como se no amargo dos poentes,
contando estrelas eu colhesse rosas
e as rosas fossem beijos veementes.