CÁLICE D'ESPANCA

Parti a loiça toda, sem carranca!

Parti o que, de mim, não me cabia!

Parti e não partisse, ficaria

Mais louco que a loucura que m'estanca!

Deixei atrás o engodo da porfia

Que, dentro, era cálice d'Espanca;

Às portas qu'eu abria, ele era tranca,

E quando eu as fechava, ele se ria!

Não quero mais, de ti, esta clausura,

Não quero, não de ti, poesia pura,

Daquela que não foge da verdade...

Nem que as mãos me tremam, doravante,

Ou qu'eu não volte a ser o verso instante,

Quero, mesmo, é amar... em liberdade!

02-04-2024

AlexandreCosta
Enviado por AlexandreCosta em 02/04/2024
Reeditado em 02/04/2024
Código do texto: T8033298
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