LENÇO DE SOL

Outrora fui céu sem escora,

Anil imenso, mais vedado,

O cerne puro, d'ais cravado

E nuvens negras, em demora!

Trovões em fúria, em desagrado,

Rasgavam dentro; via-se fora,

Nos olhos densos, de quem chora,

Gotas do sal mais encarnado!

E fiz-me rio, no tempo afora,

Do choro dentro qu'ia embora,

A drenar vida, ao certo fado...

E quando eu, quase na hora,

Te vi num lenço, como a aurora,

Abris-te em sol! Sequei, amado!

30-03-2024

AlexandreCosta
Enviado por AlexandreCosta em 30/03/2024
Reeditado em 31/03/2024
Código do texto: T8031171
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