MÁSCARA DE FLANDRES
MÁSCARA DE FLANDRES
De tanto comer terra, por captiva,
Vedaram sua boca à focinheira.
De facto, quis morrer a vida inteira,
Buscando-se antes livre do que viva!
A máscara de lata então lhe priva
Da morte, libertária companheira.
Guardam-na de si mesma, de maneira
Que com loucas não gastam nem saliva.
Deixam olhos, orelhas e nariz
Bem à mostra no rosto da infeliz.
Menos boca, proibida de comer.
Deveras, sob a face mascarada,
Aquela que vivendo amordaçada
Não é livre sequer para morrer.
Betim - 07 01 2021