SONETO (308)
Imponderado, inconsequente e leviano coração,
O que desejas atormentando o meu ser já aflito?
Compreendes que, no mínimo, é raro e insólito,
Agir sem lisura e sem esperança obter afeição?
Eu e meu jovem íntimo navegamos apreensivos;
Não por termos tristeza a magoar os semblantes,
Mas porque nossos sentidos estão hesitantes,
Diante da gigantesca distância e muito cismativos.
A saudade parece protelar e sempre procrastinar
Nosso galante propósito, que aos poucos renasce
E dizer a que veio. Logo irá desvendar e mostrar
Que, após tantos anos de ausência, rejuvenesce,
Igual a nós, que hoje sentimo-nos quase crianças,
Como se estivéssemos vivendo amor de infância.