TRILHA DE SONETOS CXXXI - DIÁLOGO COM A CANÇÃO "NOITE CHEIA DE ESTRELAS"
*NOITE CHEIA DE ESTRELAS*
Noite alta, céu risonho
A quietude é quase um sonho
O luar cai sobre a mata
Qual uma chuva de prata
De raríssimo esplendor
Só tu dormes, não escutas
O teu cantor
Revelando a lua airosa
A história dolorosa
Deste amor
Lua, manda a tua luz prateada
Despertar a minha amada
Quero matar meus desejos
Sufocá-la com os meus beijos
Canto e a mulher que eu amo tanto
Não escuta, está dormindo canto e por fim
Nem a lua tem pena de mim
Pois ao ver que quem te chama sou eu
Entre a neblina se escondeu
Lá o alto a lua esquiva
Está no céu tão pensativa
As estrelas tão serenas
Qual dilúvio de falena
Andam tontas ao luar
Todo astral ficou silente
Para escutar
O teu nome entre as endeixas
As dolorosas queixas ao luar
Lua, manda a tua luz prateada
Despertar a minha amada
Quero matar meus desejos
Sufocá-la com os meus beijos
Canto e a mulher que eu amo tanto
Não escuta, está dormindo canto e por fim
Nem a lua tem pena de mim
Pois ao ver que quem te chama sou eu
Entre a neblina se escondeu
Letra de Cândido das Neves
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*NOTURNAIS*
O efêmero dia assemelha-se a um sonho,
A noite desperta nos beijos da lua
Que expulsa do céu um semblante tristonho...
E a vida confirma que a luz continua.
Sozinho, o boêmio, num canto enfadonho,
Recai em lumúrias no meio da rua
Sem ver seu jardim, campanário risonho
E invade a saudade que a treva acentua.
Convém destacar o esplendor dos enredos
Na mira dos astros, faróis imortais,
Que enxergam, do céu, os terrenos segredos
Bem antes das horas gentis, aurorais...
E, assim, se retira a coragem dos medos
Que muitos encobrem com véus noturnais!
Ricardo Camacho
*CHORO E CANTO*
Lá do alto a lua airosa em esplendor
e estrelas siderais, num manto aberto,
inspiram-me um cantar etéreo... oferto
à musa com sublime e terno amor.
Lá do alto o céu risonho, vê, decerto
e escuta a cantoria, o meu clamor,
sem piedade, e seja como for,
meu sofrimento faz-se descoberto!
Enquanto a musa dorme, devaneio
um sonho azul, no instante em que releio
o seu olhar tristonho... e choro e canto!
Arrependido, fico a repensar
no que falhei, mas para aliviar,
canto para a mulher que eu amo tanto.
Aila Brito
*LUA SEDUTORA*
A lua vem vestida em tons de prata…
tão elegantemente chega — airosa —
que seu encanto ardil nos arrebata,
tal qual a prima donna talentosa.
As tranças tangem luz, na serenata…
com voz emudecida de uma rosa,
diz mais que a melodia da cantata
mais bela, plena, vívida e amorosa!
E a lua, com astúcia de mulher,
silenciosamente, diz que quer
a todos envolver com sua luz…
Confesso o meu ciúme desmedido,
ao ver apaixonado o meu marido…
(por mim ou pela lua que o seduz?)
(Dialogando com a canção “Noite cheia de estrelas”, do compositor Cândido das Neves).
Elvira Drummond
*ÉTUDIANT*
Fitando o céu noturno, a escura margem
De um lago imenso, um breu desconhecido,
Procuro a Lua, a luz da sua imagem,
Por entre as vagas névoas do sentido.
Em busca dos mistérios da linguagem,
Vasculho um velho livro já relido,
Mas pouco encontro... a noite é qual miragem,
A noite é como um místico tecido!
Se for o mel do esforço nobre e puro,
Desejo desse cálice beber,
Pois dele só depende o meu futuro.
No estudo, me debruço por prazer,
E, em tudo que me incita, me aventuro,
Pois nada em si me impede de saber!
Guilherme de Freitas
*DESEJO*
Noite alta, a lua adorna o firmamento,
o meu desejo aguça e o olhar lacrima,
repleto de saudades da menina,
por quem destilo o pranto, o meu lamento.
Encontro-me perdido em pensamento,
vagando na beleza de uma rima,
na inspiração do amor o qual me anima
a desfrutar do doce condimento.
Porém, na madrugada, a musa dorme,
causando-me um desejo grande, enorme...
o sonho de mantê-la junto a mim.
Quiçá, um dia, o amor nos abasteça
e o sonho, prorrogado, prevaleça:
torná-la a excelsa flor do meu jardim!
Aila Brito
*CÉU ESTRELADO*
Em plenilúnio, a lua itinerante
Reina no céu ornado por estrelas
Vivazes, tento, enfim, reconhecê-las
Nelas buscando o olhar de minha amante.
No alto, distingo em Órion, rutilante
Rigel... e Betelgeuse... Posso vê-las
Luzindo, no apogeu, passando pelas
Constelações de brilho variante.
Tanta beleza, em uma noite apenas,
Transcende a luz que escorre das melenas
Por sobre os ombros, níveos, de Afrodite
Que dorme indiferente aos vãos chamados...
Bem sei que estou purgando vis pecados
Instando-a que na súplica acredite.
José Rodrigues Filho
*LÁGRIMAS NEGRAS
O grito sufocado rompe a brisa
que sopra sobre o rosto, a carregar
orvalhos, onde estrelas e luar
confino quando a dor me paralisa.
As aflições me ferem e, imprecisa,
a voz, outrora alegre, dá lugar
a todas as lamúrias, ao pesar
que o coração tristonho assim repisa.
A bruma noturnal engole o brilho
das lágrimas e sinto, solitário,
o céu a tanto apelo indiferente.
E agora? Tudo escuro, compartilho
as juras em registros de um diário
escrito por suspiros novamente...
Jerson Brito