NARCISO
Com mui beleza e encanto de entorpecer,
É formoso e vaidoso o mancebo Narciso.
E sempre garboso e alegre a se enaltecer,
Na ninfa Eco desperta o interesse indiviso.
Mas, para Eros ele se negou a se submeter,
Dispensava donzelas com seu belo sorriso.
Mas, de Nêmesis, veio o castigo lhe abater:
E provar o amor impossível seria seu juízo.
Em um espelho d’água olha o que não crer:
Ao ver a imagem ele contempla o paraíso!
E do seu reflexo, a súbita paixão a lhe ater…
Entorpecido na neurose deseja o próprio ser,
Sua enamorada chora e ecoa som impreciso,
Pois, ele perece, buscando o revérbero reter...