OS PREGOS (dueto)

Daqueles pregos que pregaram Cristo,

Talvez não exista nem a poeira.

Mas um poeta sem eira nem beira,

Traz como tema justamente isto.

Os pregos não mais existem, insisto,

É fato, por mais que a gente não queira,

Esta é a verdade verdadeira.

Uma outra solução não avisto.

Seria uma relíquia da fé,

Capaz de fazer milagres, até,

Caso vencessem do tempo a ação.

Mas podemos duvidar da ciência

E não aceitar sua prepotência.

Até ela pode errar, por que NÃO?

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METÁFORA SURREAL PARA UM PREGO NA PAREDE

Há um prego dormindo na parede

A espera, quem sabe, dum retrato.

Alguma abstração do abstrato?

O embate da fome com a sede?

A fome a lamber o velho prato

Que serviu os sobejos da pintura?

A sede a lamber a tessitura

Que a tela empresta ao retrato?

Não sei e ninguém sabe, todavia,

O prego há muito tempo já dormia

Pregado na parede . Ainda assim,

Um poeta, sem eira e nem beira,

Se põe a pendurar, queira ou não queira,

Retratos na parede, até o fim.

Herculano Alencar

Jota Garcia
Enviado por Jota Garcia em 08/03/2024
Reeditado em 12/03/2024
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