Metáfora surreal para um prego na parede
Há um prego dormindo na parede
A espera, quem sabe, dum retrato.
Alguma abstração do abstrato?
O embate da fome com a sede?
A fome a lamber o velho prato
Que serviu os sobejos da pintura?
A sede a lamber a tessitura
Que a tela empresta ao retrato?
Não sei e ninguém sabe, todavia,
O prego há muito tempo já dormia
Pregado na parede . Ainda assim,
Um poeta, sem eira e nem beira,
Se põe a pendurar, queira ou não queira,
Retratos na parede, até o fim.
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OS PREGOS
J Garcia
Daqueles pregos que pregaram Cristo,
Talvez não exista nem a poeira.
Mas um poeta sem eira nem beira,
Traz como tema justamente isto.
Os pregos não mais existem, insisto,
É fato, por mais que a gente não queira,
Esta é a verdade verdadeira.
Uma outra solução não avisto.
Seria uma relíquia da fé,
Capaz de fazer milagres, até,
Caso vencessem do tempo a ação.
Mas podemos duvidar da ciência
E não aceitar sua prepotência.
Até ela pode errar, por que NÃO?