Ardência
Arde-me o amor nas cores do crepúsculo,
nas asas de um ensejo fugitivo.
Arde-me o amor no verso em que eu derivo,
com ânsias de um prazer vital, maiúsculo.
Sinto-o queimar na carne, pele, músculo
e ainda na alma (um fogo redivivo);
em suas chamas folgo e não me esquivo...
No mais é tudo efêmero e minúsculo!
Arde-me o amor nos sonhos de mulher,
nas mãos a desfolhar um malmequer,
nos olhos a sondar a luz do ocaso.
Se é de silêncio e bruma o fim da tarde,
ainda assim, o amor nas veias arde,
e não se extingue a febre em que me abraso.
Do amigo Jacó Filho:
CORPOS ARDENTES
Quando carinhos geram faíscas,
Pra libido gerir o raciocínio,
Esgotamos a capacidade física,
Garimpando prazer nos carinhos...
Estas intimidades específicas,
Queimam nossos corpo no ninho,
Quando carinhos geram faíscas,
Pra libido gerir o raciocínio..
À loucura que ninguém arrisca,
Nos rendemos a tanto fascínio,
Que extrapola as estatísticas.
Porque a razão perde o domínio,
Quando carinhos geram faíscas...
Do amigo Humberto Cláudio:
É Fogo que Arde:
“Não se extingue a febre em que me abraso!”
Até o fim da vida é sempre chama.
Um fogo que incendeia nossa cama
Seja ao nascer do sol, ou no ocaso.
A lua lá no céu vê nosso caso
E ardendo de ciúmes logo exclama:
Quem dera fosse eu aquela dama!...
Se no seu tempo o sol desse um atraso!...
Como na lenha o fogo faz braseiro,
O nosso amor é quente o dia inteiro,
E essa história não cabe num opúsculo.
A estampa que apresenta o sol da tarde,
Esbraseando o mundo... É o amor que arde,
“Arde-me o amor nas cores do crepúsculo!”
Do amigo Solano Brum
MINHA CULPA
Não culpo a noite pelo ato que cometi...
Mesmo na praia, sob o sol, ao entardecer,
Teria privilégios a meu favor; e, o frenesi
No corpo, não me permitiria nada ver!
Que importa a luz a quem não sabe obedecer
Impulsos dos desejos? Importa o que senti
Sob o luar em dado instante... Meu proceder
Num passado longínquo que nunca esqueci!
A verdadeira luz seria, da minha consciência
E concedeu-me Deus, por amor, a clemência
Ou, sob Seu Olhar, todos seríamos pecadores!
A ardência do amor, no corpo, sob vapores
Dos desejos - Como as lavas d'um vulcão
Foram culpados e não a noite e a escuridão!