Rirão das nossas dores
Rirão das nossas dores, mas que importa?
Nós mesmos a riremos daqui a pouco.
Se agora faz chorar ou faz ser louco,
Depois nos faz rir ao pé duma porta.
Pois a dor que em nossa ânsia dilacera
É o mesmo mecanismo em que se ri.
Chora, bebe, sai pra longe de si,
Mas fugir não pode e se desespera.
A dor persegue o homem, a dor persegue
A todos com a mesma fome e instinto!
Fugir dela, além de inútil é cansaço...
Abracêmo-la, mais quanto ela se ergue,
Brindando-a com taças de vinho tinto,
Levando-a consigo -- e um sorriso crasso.