Existência desperdiçada
Como pude viver até agora,
neste mundo de sombras obscuras,
sem conhecer a dor que me devora,
onde o riso se desfaz em fissuras?
Agora vejo a vida que evapora,
um teatro velado de figuras,
onde até mesmo a tristeza chora,
e o amor já não serve de atadura.
Oh, como é vã toda essa existência,
neste palco de sonhos profanos!
Só resta a dor, fraca de resistência,
Aos funestos golpes dos anos,
fico à mercê de minha carência
em meio aos males desumanos.