No horto

Acompanham-me vultos solitários,

Que adejam nos altares das igrejas;

As vozes dos antigos campanários,

E o sonho que no peito inda vicejas.

Vejo olhos que são como relicários,

Carregando o passado que adejas

Nos caminhos dos luares de tons vários

E nos templos que a agrura rumorejas.

Assombra-me a sombra de morta freira,

Com seus olhos sempre hirtos de caveira,

Pelo horto de funestas cantorias...

E o vento uiva sobre os meus cabelos,

Ao tropel dos meus atros pesadelos

E das minhas etéreas nostalgias.

ThiagoRodrigues
Enviado por ThiagoRodrigues em 03/03/2024
Reeditado em 03/03/2024
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