Duas
Eu trago na alma um reflorir de vinhas,
que morre e nasce, de esperanças cheio.
Trago no olhar as nostalgias minhas,
e o sangue ferve, em vaporoso anseio.
Sou água e fogo, destemor e freio,
sonhos e medos, espirais e linhas.
Se muitos risos, no prazer, granjeio,
são, as saudades, emoções vizinhas.
Nem tanto ao céu enderecei o intuito,
nem tanto à terra destinei o ensejo,
mas não cedi ao existir fortuito.
Há na matéria sequidão inglória,
mas na alma viça a intrepidez que almejo,
sou duas numa no final da história.