CAÇADOR
O instinto predador que me assedia
invade sendas cheias de doçura
e a fome incontrolável me tortura,
devasta toda aquela calmaria.
O sangue, carregado de euforia,
a fúria animalesca não segura,
incita garras, sorve na fervura
qualquer pudor que ainda resistia.
Descontrolada e bruta, minha fera
do imenso paraíso se apodera
enquanto se debate, inerme, a caça.
Ao fim de tudo, um pássaro devora
o desatino aceso e, noite afora,
voamos juntos neste céu que enlaça...