O paranoico
Eis que tudo, outra vez, recomeça a girar;
Portentos do mal me obnubilam a visão;
Sob meus pés sinto que se esboroa o chão
E ao mesmo tempo o céu ameaça despencar.
Flores e árvores parecem se dobrar
Quais garras e dedos em minha direção,
Talvez querendo vasculhar meu coração
Pelo sentimento que em vão tento ocultar;
Os edifícios (tão maiores do que eu!)
Quase sencientes curvam-se em ar de ameaça
Porque sabem de tudo que aconteceu –
A multidão, porém, não vê minha desgraça.
Ninguém parece ter medo (fora eu!)
E em abençoada ignorância por mim passa.