O paranoico

Eis que tudo, outra vez, recomeça a girar;

Portentos do mal me obnubilam a visão;

Sob meus pés sinto que se esboroa o chão

E ao mesmo tempo o céu ameaça despencar.

Flores e árvores parecem se dobrar

Quais garras e dedos em minha direção,

Talvez querendo vasculhar meu coração

Pelo sentimento que em vão tento ocultar;

Os edifícios (tão maiores do que eu!)

Quase sencientes curvam-se em ar de ameaça

Porque sabem de tudo que aconteceu –

A multidão, porém, não vê minha desgraça.

Ninguém parece ter medo (fora eu!)

E em abençoada ignorância por mim passa.

Galaktion Eshmakishvili
Enviado por Galaktion Eshmakishvili em 12/02/2024
Código do texto: T7997537
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