VELHICE SEM METÁFORAS
Neste exato momento em que te leio,
Em tua METÁFORA DA SAUDADE,
Do que fui, sou apenas a metade.
O porquê, digo agora sem rodeio.
O que antes era belo, agora é feio.
Se me elogiam é por caridade,
Por ser bom modo de civilidade
Fazer que não vê o defeito alheio.
A vista curta, o andar vacilante,
Uma voz que falha a todo instante,
E a memória me deixa na mão.
Aumentei um tanto em tudo que disse,
Mais um defeito que vem co’a velhice,
Ainda tenho mente e corpo sãos.