SONETO (302)
Claramente te ouço dizendo o que quero ouvir,
Mostrando o que quero ver, o que quero sentir
E fazendo-me escravo deste infinito amor
Sinto o mais puro e nobre sentimento excitador.
E, terrivelmente, perdido neste eterno vazio,
Que, ao sair, você deixa todos os dias
Viro-me de um lado para outro e fantasio
Para perder-me nessas loucuras sadias:
Da paixão, que se desdobra no redemoinho,
Que vem dos momentos calados e quietos
Na derradeira hora do abandono do amor.
Penso e minha voraz mente em torvelinho
Faz-me agir, igual os amantes inquietos:
Apenas penso e caio nas garras da afeição.