Do Entardecer

Põe-se agora, à minha frente, o sol

Indistinto, mistura-se ao horizonte

Esvanece a luz e com ela sua fonte

Tal qual voo cego, saio em busca de farol.

Desorientado, lança-se em rodopios o girassol

Desesperado, que a escuridão lhe amedronte

Desiludido, aguarda que novidade desponte

Desavisado, cabisbaixo lamenta o frol.

Esquece-se, na ânsia pelo conhecido, o desafortunado

Que entre dois sóis há de raiar resplandecente lua

Em qualquer forma, sempre prenúncio de um novo dia.

Tímida e intransigente Ilumina até distante cafua

No claro-escuro da noite sorri da própria picardia:

Só com pupilas dilatadas é possível ver o belo e o sagrado