SORRISOS PERDIDOS

Crivado de beleza, o céu luzente

aguça o desatino e, incauto, sigo

sem refletir acerca do perigo

que é mergulhar no sonho renitente.

Meu coração, atônito, pressente

o toque abrasador do amor antigo,

aquela exultação, o doce abrigo,

ao palmilhar estrelas ternamente.

Se for ingenuidade, aceito o preço

de relembrar sorrisos, desfaleço

no sedutor abraço da saudade.

A tua indiferença fere tanto,

mas quando a noite chega aqui levanto

um pedestal à minha insanidade.