O ÓDIO QUE VOCÊ SEMEIA #M#

No berço, se plantou o que agora dói,

A triste sina que o destino impõe, algoz.

À criança, tão frágil, que não tem voz,

E o mal que dela a sociedade corrói.

Sem escola, o saber lhe é subtraído,

A ignorância, cruel, a abraça em seu leito,

E, como vaga sombra do que seria feito,

Seu futuro cabisbaixo é colhido.

Preconceito, veneno vil, a assedia,

A inocência de suas lágrimas rasga,

Marcas profundas lhe emolduram o ser.

Abuso, dolorosa cicatriz, não cedia,

Na alma da criança a vida se esvazia,

E do sorriso aprisionado, traços vêm a nascer.