...SEM AMAR?
Pela rua, caminhando devagar,
O enterro de quem agora jazia;
Dissera-me alguém que o seguia:
— Morreu rápido; assim, sem penar.
Fiquei intrigado naquele dia:
O que seria "morrer sem penar"?
Será que não é morrer sem amar...
Pensei. Entretanto, como podia?
E, parado sob o sol causticante,
A dúvida persistia, intrigante;
Não sabia como melhor atinar.
Deve ser castigo, não redenção.
Só podia ser essa a explicação:
Ninguém devia morrer sem amar.