Mata-me, puro Amor, mas docemente

(José Albano)

Mata-me, puro Amor, mas docemente,

Para que eu sinta as dores que sentiste

Naquele dia tenebroso e triste

De suplício implacável e inclemente.

Faze que a dura pena me atormente

E de todo me vença e me conquiste,

Que o peito saudoso não resiste

E o coração cansado já consente.

E como te amei sempre e sempre te amo,

Deixa-me agora padecer contigo

E depois alcançar o eterno ramo.

E, abrindo as asas para o etéreo abrigo,

Divino Amor, escuta que eu te chamo,

Divino Amor, espera que eu te sigo.

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Publicado no livro Antologia Poética (1918). Poema integrante da série "Dez Sonetos Escolhidos Pelo Autor".

Rafael Aparecido
Enviado por Rafael Aparecido em 25/01/2024
Reeditado em 29/01/2024
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