Metamorfose

Na beira dos caminhos fiz-me espera,

enquanto rabiscava violetas

por entre as nuvens cinzas, quase pretas,

no céu da minha angústia mais severa.

Agora, ao relembrar-me o que antes era,

recolho a flor nos musgos entre as gretas

de umas passagens toscas e obsoletas,

onde cultivo a minha primavera!

Fui morte, mas depois fui corpo implume,

ousei no olhar perdido um tênue lume,

escandalosamente esperançoso.

Em minhas veias correm sonho e sangue,

e escandalosamente ardente e exangue,

fui morte, mas depois fui vida e gozo.

Geisa Alves
Enviado por Geisa Alves em 18/01/2024
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