Metamorfose
Na beira dos caminhos fiz-me espera,
enquanto rabiscava violetas
por entre as nuvens cinzas, quase pretas,
no céu da minha angústia mais severa.
Agora, ao relembrar-me o que antes era,
recolho a flor nos musgos entre as gretas
de umas passagens toscas e obsoletas,
onde cultivo a minha primavera!
Fui morte, mas depois fui corpo implume,
ousei no olhar perdido um tênue lume,
escandalosamente esperançoso.
Em minhas veias correm sonho e sangue,
e escandalosamente ardente e exangue,
fui morte, mas depois fui vida e gozo.