CORES PERDIDAS

O tempo, vagaroso, despedaça

um peito castigado pela espera

e nada do que tente o refrigera,

a vida perde mais ainda a graça...

A noite, outrora palco da quimera,

despeja o desalento que me abraça

e o som da chuva leve, na vidraça,

do pensamento errante se apodera.

Da imagem lacerada encontro as cores

porque me cercam tantos refletores

quando a ilusão revela senda ingrata.

Inútil é querer deixar vazio

o olhar ainda preso ao desvario

de procurar o brilho que arrebata...