O CONTO DA AIA (série: um soneto para um livro)
Um corpo reduzido à biologia
Que cria e recria a vida a esmo,
Mas não se permite a vida em si mesmo,
Por não ser parte de uma hierarquia.
Ser fertilizada é seu dia a dia,
Recebe a semente e tenta animá-la,
Se conseguir, poderá ser mimada,
Se não, põe em risco sua própria vida.
Afetos são proibidos no pré e pós,
-E o durante não é melhor do que isto-
Pra algumas chega mesmo a ser atroz.
São úteros sem direito aos paridos
Condenadas a uma existência a sós
A espera de morrer sem ter vivido.
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