NOVAS VINDIMAS

 

Eu sou as uvas no cacho do achado _ Fecundas!

Sou a devoção em deleite em mel e raro vinho

Torno-me, enfim aos dias de danças e oriundas

Do canto dos cânticos de Salomão. Lépido e macio...

 

Ei de lembrar-me dos tempos de suor e fastio?

Bebo do cálice de Baco em absorta alegria...

O que não me foi afago, fiz dele regalo vadio

Sou canção da colheita que a vida, santa, recria.

 

Encham-me o cálice do sumo dos meus festejos!

Que nele se afoguem minhas obsoletas dores

Sou outono, cor, doçura, avidez de ternos beijos.

 

Eis que já despi minh'alma dos nus dissabores...

Ei de vesti-las novamente, na vindima de agora?

Não... Estáfilo conduz-me às videiras de finos amores!