Amar-te...

Amo a saudade dos beijos que não me dás

Amo a avareza fria dos teus vãos carinhos

Amo a presença austera das tuas ausências

Amo as minhas paixões e as tuas demências...

Amar-te é fugir dos álibis e das razões

É navegar num mar de oscilações

É ancorar num porto de recordações

É naufragarmos juntos na calmaria...

Amo o prazer que não me concedes

Amo a medida com que me medes

Amo falar-te da minha poesia...

Também te amarei amanhã e cada dia

E morrerei assim a amar-te sem cansaço

Pois para tanto, só mendigo o teu abraço...

Jacinto Valente
Enviado por Jacinto Valente em 30/12/2007
Reeditado em 17/02/2021
Código do texto: T797521
Classificação de conteúdo: seguro