DOCES DIAS
Alguns dias são doces assim... distintos dos demais
Como se os deuses da poesia estivessem a sorrir
No ar, um cheiro de versos, o frescor de laranjais
Uma vontade de cantar, de ficar, de não mais ir.
São tempos em que a tristeza mora do lado de fora
Momentos sagrados, quando o amor a mão acena
Na boca o doce gosto da ambrosia persiste, vigora
E na alma a saudade dá ares de presença amena!
Não há a solidão usual dos dias frios, invernais
Dançamos, cantamos, brindamos à dádiva do viver
Num acalento singular de risos soltos e prazer...
É preciso segurar estes instantes como o puro ouro
Deleitar-se no agora, sem meditar no porvir
Porque alguns dias são assim... delicioso de sentir!