ALMA GRATA

A chuva cai com seu remorso. E prata

Tão inocente como a água brota

Da rocha virgem corre pela grota,

Serpenteando. De tensão barata,

Germina a terra, meu pomar hidrata.

Na telha a gota, todo mundo nota

Um samba surdo que a tocar denota

E o sertanejo sente a alma grata.

O verde encobre o sofrimento vasto

Que a seca trouxe sem somar seu gasto,

Mas quando a chuva vem seu cerco anula.

A grama, a soca, faz fluir o pasto

E a seca bruta já não tem mais gula;

É temporária, não esconde o rasto.

Baixa Grande, 05/01/2020.

Luiz Izidorio
Enviado por Luiz Izidorio em 08/01/2024
Código do texto: T7972044
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