1985
Açudes sangrando, volume no rio
E o povo num alarde de reza bastante.
O nível da água já é transbordante
Se espalha adentrando por todo baixio.
À noite o trovão refazendo assovio
Dum raio cortando a cortina durante
A queda que faz lá do espaço, num instante
Derrapa, se estala, estremece sem brio.
O povo que mora bem perto do flume
Não dorme de noite, se faz vaga-lume:
Procura num canto mais alto ficar.
As águas de tromba descendo na cheia,
"Relâmpo" nas nuvens se abre e clareia
A via que as ondas têm senda a vagar.
Baixa Grande, 26/03/2020.