O DIREITO DE RIR

Entre as tristes ruelas ensombradas

por entre ciprestes, gozam da duradoura paz

os finados; nas sepulturas de gesso caiadas,

algumas datas e nomes o tempo já desfaz.

Vêem se parentes com a saudade tão calada,

lembranças de um amor que ficou pra trás.

Outro, desesperado, clama pela amada,

a tão bela e jovem noiva que ali jaz.

No antigo cemitério, há muito tempo já desfeito,

vejo sobre a terra um crânio esbranquiçado

que ri pra mim, como tendo esse direito!

Foi então que entendi que da morte são senhores

e podem rir felizes do outro lado

zombando dos vivos, tão só uns sofredores!

Chaplin
Enviado por Chaplin em 30/12/2007
Reeditado em 05/02/2008
Código do texto: T797043