A paixão do artista
Era um artista grave. Homem sisudo
Ainda jovem, no esplendor dos anos
Mulher nunca tivera; os desenganos
Faziam-lhe um taciturno, um mudo.
Um pincel e uma tela era-lhe tudo.
Vivia só, bem longe dos humanos;
Passava o tempo... e do tempo os danos
Servia-lhe sua arte como escudo.
Dizem que nunca amou. Mas o artista
Amou deveras. A sua paixão
Foi dessas logo de primeira vista;
Um dia ao desenhar, na ocasião
Na tela, uma jovem normalista
Roubou-lhe a moça o amor e o coração!