LATIFÚNDIO
LATIFÚNDIO
Por privada de gente, a propriedade
Mais s'estende baldia e empobrecida
Do que possa caber a própria vida,
Restando em inventários como herdade.
Desmatada, a capoeira logo invade
Toda a gleba de terra desvalida
Face à especulação mais descabida:
— “E onde é mato será tudo cidade…”
Deixam de ser as grotas e as veredas
D’onde as águas, claríssimas e ledas,
Escorriam preciosas para o açude.
A terra revestida de concreto
É quanto sonha o lucro mais abjeto
Que, todavia, a tantos tanto ilude.
Betim - 05 01 2024