SONETO O POETA E O PESCADOR
Eu, como o pescador e o poeta, oscilo
Entre um anzol e o lápis cuja ponta
Atormenta o papel e o rio tranquilo
À procura de paz oculta e pronta
Pois pescador e poeta têm estilo
De vida de paciência que confronta
A natureza trágica daquilo
Que já tende a ser de faz de conta
Quando só usam a linha solta como isca
Num dia de solidão ou dia de pesca
Com mão sutil e rápida igual faísca
Porque pessoas e peixes cada um pesca
Na perda da razão de quem se arrisca
Cujas águas e ideias a alma refresca