CORAÇÃO CIGANO

Levado pela aragem aprazente,

tomei o paraíso que se abria

e, extasiado, tonto de euforia,

calei, da sensatez, a voz pudente.

Aos poucos, o jardim desvanecia

e todo o colorido, simplesmente,

debaixo de uma escuridão pungente,

vergou-se à tinta forte da agonia.

O rosto, castigado no negrume,

agora leito triste do queixume,

entrega ao desamor e ao desengano

o sal do pranto preso nas entranhas

do sonhador, refém das artimanhas

movidas por um coração cigano.