Soneto polimétrico XIX

 

 

Eu, que vejo o sol brilhar todo dia,
sinto se passarem os momentos no tempo parado,
escorrendo instantes vivos de dor e alegria
no cansaço do  sentimento renovado.

 

Se a busca das emoções não alivia
o espaço do instante feliz distanciado
bem mais fácil e cômodo seria
à alma a ninguém nunca ter amado.

 

Mas... quem sabe de nós mesmos,
assim, se somos tão inconstantes,
o nosso íntimo de amor ao vivermos?

 

Tão distante se apresenta o próprio sentido
que o que se mostra agora seria antes
uma ilusão futura desperdiçada no momento vivido...

 

 

 

Cláudio Carvalho Fernandes